terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Blade Runner - O Caçador de Andróides (Blade Runner, 1982)



Acho que já está na hora de alguma polêmica aqui no blog (quem sabe assim alguém se manifesta nos comentários). Então lá vai: Eu não gostei de Blade Runner.
 
Entendo seu papel como pioneiro em uma série de conceitos que moldaram a ficção científica moderna. Entendo também a revolução que causou na época por mostrar um futuro distópico e dark, em vez da ficção "limpinha" que era moda desde 2001. Me emocionei quando Rutger Hauer fala sobre a fugacidade da vida no monólogo final "Tears in the Rain". Também achei a Sean Young muito bonita e a Daryl Hannah meio esquisita. Também adorei o personagem de Edward James Olmos, o mais enigmático da história. Curto pra caramba a trilha sonora do Vangelis (Fogo no Rabo, TV Pirata, lembram?). Adoro ficção científica, especialmente a mais inteligente. Eu li até o livro. Mas não consegui gostar de Blade Runner.


Pior é que eu nem sei explicar direito porque não gostei. Depois de pensar bastante, cheguei a algumas razões, mas não sei se elas explicam propriamente a razão de eu não ter gostado. De todo jeito, seguem:

- Eu demorei quase 25 anos para ver o filme: claramente é uma obra revolucionária para sua época. Assistir muito tempo depois, especialmente quando tudo que ela influenciou já está na sua cabeça, causa bem menos impacto. É como eu disse no Facebook uma vez, que já achei que Beach Boys tinham copiado Juba e Lula, e que Under Pressure do Queen lembrava bastante Ice Ice Baby, do Vanilla Ice. Tudo é uma questão de pioneirismo...

- Não achei o roteiro tão bom assim: e olha que eu vi a versão do diretor que saiu muito depois. Mas não sei, acho que o Ridley Scott tentou fazer um filme noir demais e exagerou na complexidade e no mistério. Os personagens não geram muita empatia (não chega a te deixar desesperado pra saber o que vai acontecer), e especialmente o tanto de gente que mexeu, editou, deu palpite, etc. deixa o filme meio Frankenstein demais. O personagem do Rutger Hauer, como eu comentei, se redime no final, e até mostra suas motivações, mas os demais replicantes me parecem meio soltos.

- As atuações não são muito boas: não é segredo pra ninguém que a Sean Young nunca foi grande atriz, o próprio diretor diz que a escolheu mais pelo visual do que propriamente pela habilidade de atuação. E tenho que admitir outra coisa: eu nunca achei o Harrison Ford um excelente ator. Se consagrou em Star Wars, teve papéis muito bons (Indiana Jones, por exemplo), mas não é o cara que te faz sair de casa para ver o filme em que ele está. Entendo o personagem, mas acho que o Harrison Ford estava apático demais nesse filme. E, se prestarmos atenção, em quase todos os seus filmes...

Claro que o filme tem componentes psicológicos muito interessantes (como comentei, a fugacidade da vida, mas também a busca pelo criador, e até o que é a vida, no confronto entre replicantes e humanos). Eles têm sim seu mérito. Mas, em suma, não é um filme que me agrada rever. Só eu acho isso? Comentem.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

12 Homens e uma Sentença (12 Angry Men, 1957)



12 jurados. Uma sala do júri. Um acusado de assassinato. E um dos grandes clássicos do cinema.

Já estava na hora de falar de um clássico, mas não queria que o primeiro fosse algum daqueles pedantes, incompreensíveis, e nem queria "gastar o cartucho" com os meus favoritos disparados. E acabei me decidindo por falar desse ótimo filme. Não é um épico, não tem romance, ou ação, se passa 99% dentro de uma sala fechada com os mesmos 12 personagens (não sabemos nem seus nomes), e ainda assim a história prende a atenção do início ao fim, com um dos roteiros mais brilhantes (e simples) que já vi.



A história: os 12 jurados se reúnem para decidir sobre a condenação ou não de um acusado de assassinato, e a decisão deve ser unânime. A condenação parece uma questão de tempo, já que o caso a princípio não deixa muitas dúvidas. No entanto, um dos jurados (Henry Fonda) discorda dos demais (sob muitos protestos), e explica que não acha justo condenar uma pessoa à morte sem que se pare para examinar mais profundamente o caso e as provas. E aí começa o filme propriamente dito, uma aula de argumentação e resolução de conflitos que vale por qualquer pós-graduação no assunto.

Em uma época de opiniões rápidas, radicais e pouco fundamentadas, esse filme deveria ser matéria obrigatória até nas escolas. A internet abriu o diálogo, e agora todos são livres para divulgar suas opiniões para o mundo (como eu estou fazendo aqui, aliás). O problema e que, de repente, é obrigatório tomar partido sobre tudo, seja um cachorro atropelado, Big Brother, ou se o Messi é melhor que o Pelé. E tomar partido é muito diferente de ter opinião, que é muito mais fundamentada e muito menos radical. O que importa não são as opiniões, e sim "ganhar do outro".

Essa é a beleza do filme. Aos poucos, o jurado em dúvida vai vencendo a resistência inicial dos demais, vão se mostrando as verdadeiras razões da posição de cada um (desde querer ir embora mais cedo por ter ingressos para um jogo, até uma briga com um filho), e de maneira sublime, o filme se desenrola. Com argumentos sólidos, bem colocados e pertinentes, aos poucos cada um vai formando sua opinião real, obrigados pelas circunstâncias a parar para pensar em suas decisões.

O trabalho técnico também é fantástico: a sensação de claustrofobia na sala é de fato angustiante, e você pode sentir o "peso" de estar ali aumentando. Em resumo, um filme excelente, que não só deve ser visto mas visto muitas vezes. Existe uma refilmagem de 1997 com Jack Lemmon no papel original de Henry Fonda. Muito boa também, mas prefiro a de 1957, até por ter sido a primeira que vi.

Nota: 8,5 (31o. na minha lista de filmes preferidos)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

O Advogado do Diabo (The Devil´s Advocate, 1997)

Outro dia, conversando com meu sócio Fábio, esse filme surgiu no assunto. Impressionante como esse filme está impresso no imaginário coletivo da minha geração. Não sei bem porque; se é a história (bastante original e "transgressora"), se são as atuações (até Keanu Reeves, o ator mais inexpressivo do mundo, se salva), a trilha sonora (Led Zeppelin!), as cenas mais "fortes", ou se é tudo junto. O fato é que um filme até certo ponto despretensioso ficou marcado, e na minha opinião é de fato uma conjunção de fatores:

- Um roteiro interessante: a história da tentação, o bem x o mal, ganância x honestidade já rendeu grandes roteiros. Aqui outro fator se soma, o diabo em pessoa tentando uma pessoa já de moral questionável (outro filme fantástico com essa premissa é Coração Satânico), e as reações totalmente humanas e até certo ponto compreensíveis dessa pessoa, com a qual nos identificamos

- Charlize Theron linda, em começo de carreira: e por "começo de carreira" quero dizer "sem pudor de fazer cenas de nudez". I rest my case.

Nem assim você muda de expressão facial, Keanu?


- Al Pacino: pra mim, a razão principal. Um excelente ator, já na fase de não precisar provar nada para ninguém, e recém admitido na "Escola Jack Nicholson de Atuação": represente você mesmo em todos os papéis. Muitas vezes dá errado (estão aí Nicholas Cage e Charlie Sheen que não me deixam mentir), mas para atores consagrados já em uma certa idade é o que há. Não pense no personagem; aja como você mesmo. Para ele, nesse filme, funcionou perfeitamente. O cara tá solto, duvido até que tenha decorado as falas. E com isso, carregou até o Keanu Reeves junto com ele, fazendo o cara parecer um bom ator. Tem maior desafio que esse?

Ah, o filme. Bom, um advogado ambicioso no começo da carreira, nunca tendo perdido um caso, recebe uma proposta milionária de um escritório famoso. Apesar dos avisos de sua mãe e do efeito negativo sobre sua mulher, resolve aceitar e subir na carreira nesse escritório. Logo, as coisas se mostram mais sinistras do que pareciam, e ele terá que fazer algumas escolhas.

No final, juntando tudo isso, um excelente drama, carregando todo esse questionamento de ganância x ética que é sempre atual. Ou seja, recomendadíssimo. Nem que seja para ver o último grande papel de um enorme ator (ah, vá, o que o Al Pacino fez de bom depois disso??? Perfume de Mulher é de 1992...).

Nota: 9,0 (16a. posição na minha lista de melhores filmes)

sábado, 25 de fevereiro de 2012

Meia Noite em Paris (Midnight In Paris, 2011)

Aproveitando a empolgação inicial e o fim de semana em que estamos, pensei em fazer um mini-especial do Oscar 2012. Dado que esse é o único filme concorrente ao Oscar que vi esse ano, será um especial bem curto e bastante incompleto.

Anyway, é um ótimo filme. Independente de ser um Woody Allen genuíno ou não. O saudosismo de uma época que não se viveu é um sentimento universal, aqui desconstruído de uma forma genial. O personagem sente que não pertence aos dias de hoje, e sonha em viver na fervilhante Paris dos anos 20. Por um milgare qualquer consegue, e começa a perceber, depois de um deslumbramento inicial, a diferença entre o real e o ideal. Simples assim, e extremamente bem realizado.

Um outro efeito que esse filme teve sobre mim foi me fazer prestar atenção a Woody Allen, que até então na minha vida se resumia a alguma sessão de Tudo que Você Queria Saber Sobre Sexo... no Supercine quando moleque, além de um filme chatíssimo chamado Celebridades que vi (na verdade, dormi) no Cine Lumière do Itaim em 2000 e pouco. Me empolguei tanto que comprei um box do Woody com 20 filmes, além de alguns avulsos. Não me arrependi: Annie Hall é ainda melhor que esse, e alguns como A Rosa Púrpura do Cairo e Poderosa Afrodite são bem divertidos. O Dorminhoco, por outro lado, é uma das piores coisas que já tive o desprazer de ver.

Voltando à vaca fria, uma história interessante, com atores ótimos. Aliás, os atores merecem uma menção especial: Owen Wilson, goste ou não, manda muito bem, chegando a ser Woody Allen em alguns momentos. Marion Cotillard é uma graça, e o elenco de apoio, especialmente os artistas dos anos 20, acrescenta muito ao filme (Adrien Brody de Dali é impagável e o Hemingway de Corey Stoll está fantástico, entre outros).



Se ainda não viu, não deixe passar. Acho que não está mais nos cinemas, mas locadoras e a internet já devem ter. E não é fácil encontrar um filme inteligente e que ao mesmo tempo faça você se sentir tão bem. Recomendado. É minha torcida para o Oscar :-)

Minha Nota: 8,8 (21o. colocado na minha lista de melhores filmes)


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Quanto Mais Idiota Melhor (Wayne´s World, 1992)





Escolhi esse filme para a postagem inicial por duas razões principais: representa bem a proposta de falar sobre filmes aleatórios, não necessariamente com algum buzz recente ou uma razão específica, e porque sem querer peguei ele passando na TV outro dia, e contra todo o bom senso, resolvi rever.

Aliás, é uma boa hora para falar sobre a Regra dos 15 Anos*, que conheci no Nerdcast e com a qual concordo plenamente: se você viu um filme antes dos 15 anos e gostou, NÃO VEJA DE NOVO. Guarde na memória aquela lembrança boa que você tem do filme e não a estrague com a realidade.

Pois bem, como eu ia dizendo, resolvi assistir ao filme um dia desses. Lá em 1992, quando eu era um adolescente que não sabia nada de cinema (não que hoje eu saiba muito), fui ver esse filme e adorei. Dois caras engraçados, transgressores, que faziam piada de tudo e todos e ainda balançavam a cabeça cantando Bohemian Rhapsody no carro:


Tem como não gostar? (aliás, durante muito tempo eu achava que a música era só essa parte)

Pra quem não viu: o filme é sobre dois gaiatos que fazem um programa local de TV a cabo e acabam sendo contratados por uma grande emissora. Um deles se apaixona pela cantora da banda que se apresenta, o empresário malvado quer se dar bem em cima deles, piadas, referências pop, yada, yada, yada. Se baseia em um quadro do SNL, que por sinal eu nunca vi.

O fato é que eu adorei o filme, vi algumas vezes no cinema e tal. Esse filme me fez pensar por algum tempo, inclusive, que o Mike Myers não era só um Jim Carrey genérico que só fazia caretas e a voz do Shrek. Até eu assistir a porcaria que é Austin Powers 2 (mas isso é outro assunto...)

Qual não foi a minha decepção ao assistir meia hora do filme de novo agora. Diga-se, meia hora porque eu não aguentei e fui dormir correndo. O filme não tem ritmo, as piadas são péssimas (até a do "No Stairway to Heaven", que eu adorava), os atores são medonhos e nada daquilo faz sentido.

O que só me faz pensar que eu sou hoje muito mais chato que aos 15 anos. Uma pena. Até desanimei de assistir Um Morto Muito Louco de novo. Por que é que a gente vai ficando mais exigente? Sei lá se isso é bom ou ruim...

Em tempo: pra vocês terem uma ideia, o filme tem nota 8,0 na minha lista, baseado na época que assisti. Acho que se fosse para dar nota hoje, ganharia um 3,0 ou 4,0.

Abraços!

* Para mais informações sobre a regra dos 15 anos e sobre o Nerdcast: Regra dos 15 anos

Mais uma tentativa - qual a proposta do blog?

E mais uma vez eu começo um blog, esperando que dessa vez eu passe de 2 ou 3 postagens.... O assunto, pelo menos, dá mais caldo: quero falar de filmes, assim como comecei a fazer timidamente no Facebook, especialmente com a minha lista de 50 filmes preferidos, que até hoje gera perguntas e discussões com amigos. Quem sabe assim consigo fazer render.

A ideia é que a lista de filmes comentados aqui não siga muita lógica. O único critério, obviamente, é que eu tenha visto o filme, mas não precisa ser recente (embora, claro, eu vá comentar os que conseguir ir vendo), nem ter uma razão especial para aparecer. Deu vontade de comentar, pronto. Quando ele tiver algum destaque na minha lista de filmes vistos, eu comento. Lembrando que destaque não quer dizer necessariamente algo positivo, portanto esperem textos sobre filmes ruins também.

Espero que os 2 gatos pingados que apareçam achem a ideia e os textos legais. Se ninguém aparecer, tudo bem, fica como terapia.

Abraços!