quinta-feira, 22 de março de 2012

Réquiem para um Sonho (Requiem for a Dream, 2000)

Ainda em referência ao post anterior, fui "acusado" no Facebook de não ter gostado do filme por ser "insensível" ou por não ter entendido a emoção do filme. Meu desafio então foi falar de um filme que considero emocionante, mas sem os problemas que vejo em Menina de Ouro.

Escolhi esse que acho um filme primoroso. Triste, depressivo, mas com uma história envolvente e cujo principal mérito é não ser apelativo em momento algum. Você sente que aquela história poderia ser real, e pode estar acontecendo em algum lugar por aí. E é, sim, muito emocionante.


A história: 4 pessoas, Harry Goldfarb (Jared Leto, o Jordan Catalano da Adriana), seu amigo, a namorada e a mãe, de maneiras diferentes, sofrem problemas com drogas (legais ou não). Mesmo sem julgar ou tomar partido, é a maior propaganda anti-drogas que já vi. Mostra sem excessos desnecessários, mas sem atenuantes, os momentos de euforia, depressão, e degradação nas vidas de cada um. Harry e seu amigo cometem pequenos crimes (inclusive em casa, levando a mãe a ter que recomprar sua TV do trambiqueiro local quase todo dia) para sustentar o vício, situação que logo vai levá-los a uma situação mais complicada. A namorada dele (Jennifer Connelly, linda como sempre, absolutamente entregue a um papel dificílimo) começa a perceber que pode usar seu próprio corpo como moeda para sustentar o vício. A mãe, viúva há muitos anos, recebe um convite para participar de seu programa de TV favorito e começa a tomar anfetaminas para poder voltar a vestir seu vestido preferido de quando era jovem, e logo perde o controle.

Como se vê, não é uma história fácil. E o diretor Darren Aronofsky (Pi, A Fonte da Vida, Cisne Negro) não alivia. Com uma fotografia muito bem feita, a câmera se limita a observar essas pessoas e suas vidas. O "espírito" do filme diz muito para mim: "Cada um é livre para fazer o que quiser, inclusive se matar de drogas, desde que arque com as consequências". Não poderia concordar mais.



O filme tem defeitos, claro. O principal deles para mim é a absoluta impossibilidade de assisti-lo de novo. Para mim, um dos jeitos de saber se o filme é bom é se tenho vontade de revê-lo. Isso não se aplica nesse caso. O filme é muito bom, e no entanto eu não conseguiria. É denso, pesado, e mina um pouco do seu otimismo e fé na humanidade, invariavelmente. Lembro que fui com a Chris assistir meio sem saber do que se tratava, e depois iríamos sair para jantar. Não conseguimos, fomos direto do cinema para casa. E ainda assim continuo achando um grande filme, que trata o espectador como adulto, sem condescendência ou soluções fáceis de roteiro. Observa o sofrimento dos personagens, sem ser sádico com eles.

Quase dá vontade de ver de novo, agora.

Nota: 8,0

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