sexta-feira, 27 de abril de 2012

Filhos da Esperança (Children of Men, 2006)

Falei pouco até hoje de um sub-gênero de que, em geral, gosto muito: os filmes pós-apocalípticos. Tá certo que tem muita porcaria por aí (normalmente aqueles estilo Michael Bay, como 2012 e O Dia Depois de Amanhã), mas quando o filme consegue avaliar de maneira realista os efeitos de uma destruição em grande escala sobre as pessoas, isso geralmente gera um material interessante para imaginar como reagiríamos a situações extremas.

Esse, felizmente, é um desses casos positivos. Não é propriamente "pós-apocalíptico", mas parte de uma premissa interessante: estamos em 2027, e há 18 anos as mulheres simplesmente pararam de poder ter filhos. O filme começa com o assassinato justamente do garoto mais novo do mundo, um argentino de 18 anos. Por aí vemos o quanto a civilização já se desmontou, e como cada um responde por si. O personagem principal (Clive Owen) é um ex-ativista que acaba se tornando responsável por escoltar uma refugiada para uma suposta "liberdade", um navio onde experimentos científicos ainda se realizam, buscando entender ou curar a esterilização universal. Surpreendentemente, a refugiada está grávida de 8 meses, tornando assim vital que ela seja levada com segurança.



O filme mistura esse estudo da "pós-civilização" com cenas de ação muito bem feitas. Clive Owen está muito bem (apesar de parecer um incêndio apagado com um machado), assim como o elenco de apoio (Julianne Moore, sempre meio esquisita, e Michael Caine, com a atuação firme e sensível de sempre). A fotografia e a edição são surpreendentes: os cenários convencem muito bem como um mundo destruído, e algumas cenas são fantásticas (há uma cena que dura mais de 6 minutos sem cortes, veja aqui), o diretor Alfonso Cuarón (de Harry Potter) aparentemente foi bastante detalhista na montagem de seu filme.

Mas o mais interessante aqui é de fato imaginar como a civilização reagiria a um evento como esse. O que nos mantém "na linha"? Será que a perspectiva da morte nos faria quebrar o pacto social a que nos sujeitamos desde que nascemos? Gosto de ter diferentes visões sobre o assunto, e filmes sobre isso não faltam (desde Mad Max a Os Doze Macacos, por exemplo, sendo esse último um dos meus filmes favoritos - chego nele em breve aqui no blog), com a grande vantagem de não precisar ver o fim do mundo (ou será que não?)...

Para quem quer um filme bom para o feriado, minha sugestão é essa. Só não esqueçam de comentar...

Nota: 8,1 (55o. colocado na minha.lista de filmes favoritos)





quarta-feira, 25 de abril de 2012

Matrix (1999)

Foi só em 1999, último ano de faculdade, quando vi Matrix no cinema (aquela época em que ainda íamos ao cinema sem saber direito o que esperar do filme), que entendi o impacto que devem ter tido filmes como Star Wars e Blade Runner quando estrearam. Um filme tão diferente, tanto na história como no visual, dos anteriores que simplesmente mudou o conceito de ficção científica. Aquele filme que te faz querer vê-lo várias vezes, discutir, entender, aprofundar e estender o que viu, e cujo impacto você acaba só entendendo um tempo depois. Nada como ser contemporâneo de uma revolução para entender de fato seus efeitos. Como eu disse anteriormente, talvez seja isso que tenha me faltado para que eu gostasse de Blade Runner.

Mas será que de fato Matrix foi uma revolução ou um "hype" coletivo?

Assisti novamente o filme outro dia, e continuo acreditando que o filme foi um "divisor de águas" (olha o chavão), tanto em termos de história (juntando a ficção com filosofia, ação, dramas existenciais) como em execução (o "bullet time", que na época foi um frisson, aparecendo em 78% dos filmes nos anos seguintes, até no Shrek...). Claro que nada disso é original e inventado aqui, mas o grande mérito do filme foi combinar todos esses fatores em uma história inteligente e atrativa para o grande público.

Nerds ao redor do mundo foram ao delírio. Não só o filme povoou todos os fóruns de discussão da então recém-popularizada internet, como principalmente mostrava o viciado em computador como alguém à frente dos demais, mais inteligente e "cool" ao mesmo tempo...

O filme tem seus (muitos) méritos. Quem nunca imaginou se a realidade que conhece é de fato verdadeira? Quem nunca se sentiu deslocado do mundo ao seu redor? O filme aproveita essas questões primordiais e misturando-as com outros conceitos filosóficos ("A Caverna de Platão", por exemplo), juntando cenas empolgantes, para contar a história de um "hacker" que é recrutado por rebeldes que mostram para ele que o "mundo real" em que vivemos é uma simulação de computador, destinada a manter os humanos em animação suspensa para servirem de fonte de energia para as máquinas, que no passado criaram inteligência e ganharam uma guerra contra os humanos. Tudo isso com efeitos especiais caprichados (e quase todos, inéditos), uma trilha sonora legal, e atores decentes (tirando o Keanu Reeves, claro, que deve ser o ator mais sortudo do mundo: mesmo ruim, está em vários sucessos). Não tinha como dar errado.

Sempre digo que é muito especial quando um filme consegue captar e transmitir conceitos profundos sem se tornar intragável. Matrix faz isso com muita competência. Claro que as sequências se tornaram pretensiosas e ininteligíveis (o que é o discurso do Arquiteto no filme 2?), estragando a mitologia, mas para mim esse filme individualmente (e talvez com o apoio dos curtas de animação Animatrix, que explicam um pouco mais sobre o universo e suas características) é, sim, revolucionário. Não à toa, é um dos meus filmes favoritos, e, claro, sempre me faz pensar (um pouquinho que seja) se não é verdade mesmo. Coisa de nerd...

Nota: 9,1 (13o. lugar na minha lista de filmes favoritos)

terça-feira, 24 de abril de 2012

Encontros e Desencontros (Lost in Translation, 2003)

A diretora desse filme, Sofia Coppola, provavelmente já foi uma das pessoas mais odiadas do cinema mundial. Sua atuação (se é que dá para chamar assim) em O Poderoso Chefão 3, dirigido por seu pai Francis Ford Coppola, é considerada uma das piores do cinema mundial, e acusada de "estragar" o filme. Não sei se é para isso tudo (o filme é bom, mas obviamente não comparável aos dois primeiros), embora de fato ela seja péssima atriz. No entanto, o mesmo não pode se dizer de seus dotes como diretora. Esse é seu segundo longa (ela também escreveu o roteiro), e o resultado é um filme sensível, profundo sem ser chato, e com grandes mensagens em cenas simples. Primoroso. E olha que nem estou considerando (ainda) a Scarlett Johansson nessa análise...

O filme se passa em Tóquio, e basicamente conta a história de 2 personagens: um ator veterano, já decadente, que aproveita uma proposta milionária para fazer algumas propagandas no Japão, e a jovem mulher de um fotógrafo que o acompanha a trabalho mas acaba ficando quase o tempo todo sozinha. E os dois acabam criando uma cumplicidade, derivada de serem dois seres solitários em um mundo estranho.

O contraste entre o mundo à volta deles, que muitas vezes eles não compreendem, e a cumplicidade que se forma é tocante. Sem ir pelo caminho fácil do romance, e sim da amizade (com alguma tensão) que se forma entre esses dois (a princípio) estranhos, o filme se desenvolve quase como uma terapia dos dois, mostrando cada vez mais seus fantasmas e o que eles tentam fazer para contorná-los.

Para contar essa história, roteiro, fotografia, e principalmente as atuações fazem um trabalho fenomenal. Bill Murray deve ser um dos atores mais subestimados do cinema. Faz até hoje muito bem não apenas as comédias que o tornaram famoso (Os Caça-Fantasmas, Feitiço do Tempo, minha comédia favorita, por sinal), mas também em filmes "sérios" como esse. Aqui, cada cena e cada fala mostra a aflição do personagem e sua "prisão" em uma vida pela qual já perdeu o interesse, e a descoberta disso justamente no local onde menos esperava.

Já Scarlett Johansson, aos 19 anos, mostra uma maturidade surpreendente nesse que é o filme que a revelou. No papel da garota que viaja com o marido, mas acaba ficando sozinha, ela não só está linda mas também se mostra muito talentosa.

Mais uma sugestão de filme ótimo, caso não tenham visto. Dois atores em papéis fantásticos, com uma história tocante e muito bem contada, mostrando que podemos nos descobrir nos locais e companhias mais improváveis. Fica a sugestão.

Nota: 8,0 (94o. na minha lista de filmes favoritos)

sexta-feira, 20 de abril de 2012

American Pie (1999)

Não dá pra falar o tempo todo só dos Top-20. Outros filmes não-épicos, porém legais (e até os ruins mesmo) também merecem seu espaço aqui. Aproveitando o lançamento de um novo filme da franquia (que, incrivelmente, parece ser bom), vou falar do primeiro, talvez o único que presta de uma infinidade de lançamentos posteriores.

Em 1999, eu já não era mais um adolescente (pelo menos no RG). Mas as histórias de adolescente ainda eram muito recentes na memória, até por ainda estar na faculdade. E esse filme, especialmente, apesar da parte tipicamente americana (baile de formatura, irmandades e tal), tem alguns temas universais da adolescência: dificuldades com garotas, amizade, incerteza sobre o futuro. E é muito engraçado.



Me pergunto também o que aconteceu com o gênero "comédias adolescentes". Desde os precursores A Vingança dos Nerds, Picardias Estudantis e Clube dos Cafajestes, ao longo de toda a década de 80, esses filmes eram presença certa nos cinemas, com piadas de duplo sentido, semi-pornografia gratuita e escatologia à vontade. Ou seja, o famoso besteirol. Filmes como Um Morto Muito Louco, A Última Festa de Solteiro, Curso de Verão e tantos outros que "forjaram" a mente de uma geração. Isso sem falar dos mais clássicos, como Curtindo a Vida Adoidado.  A impressão que tenho é que adolescentes hoje assistem Harry Potter, Crepúsculo e coisas do tipo. Ou seja, são criaturas muito mais tristes.

Não assisti de volta o filme, mas tenho certeza que vou continuar gostando (ou seja, sem Regra dos 15 Anos, até porque vi com 22...). Adoro comédias besteirol, especialmente as bem feitas (porque tem cada lixo por aí... Austin Powers, estou falando com você), e fico feliz quando aparece um Se Beber Não Case para representar o gênero. O pessoal tá se levando demais a sério...

A história? 4 caras prestes a se formarem no colegial fazem um pacto de perder a virgindade antes da festa de formatura. E saem tentando... das piores maneiras possíveis. Basta dizer que a "torta" do título não é apenas uma metáfora ou uma referência à música do Don McLean... Divertido, escrachado, tudo que uma comédia de verdade precisa ser. Uma obra-prima do cinema? Nem de longe. Um dos melhores que já vi? Nada. Mas tem hora que você não quer ver um multicampeão do Oscar...

Ah, sim, e pretendo assistir o novo, claro. Resta saber se a Chris vai querer ir comigo... :-)

Nota: 6,5

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Três Homens em Conflito (The Good, the Bad and the Ugly, 1966)

Nunca falei de western no blog, e o primeiro é logo o meu favorito, até porque não vi muitos: The Good, the Bad and the Ugly (acho horrível o nome em português).

A história: no oeste americano, durante a Guerra de Secessão, três foras-da-lei se veem forçados a unir forças na busca por um tesouro, já que cada um deles sabe uma informação sobre a localização do dinheiro. E, no caminho, passam por um pouco de tudo: soldados, vilarejos, brigas, enquanto a própria relação entre eles vai se mantendo por um fio.

O curioso aqui é que esse é um dos principais exemplares do que ficou conhecido como western spaghetti, uma série de filmes filmados por italianos (nesse caso, o fantástico Sergio Leone), já durante a decadência do western tradicional. E, subvertendo a proposta original (que já não fazia mais tanto sucesso), conseguiu prolongar o movimento que o gerou por mais algum tempo.

Explico: o western americano tradicional talvez seja o "gênero" por excelência. Ou seja, os filmes em geral seguem uma linha com bastante pontos em comum: o desbravamento do oeste, o heroísmo dos pioneiros, o conflito bem x mal dos americanos contra os índios, o "destino manifesto" (ou seja, os americanos eram um povo predestinado a dominar aquelas terras e levar seu modo de vida superior - nada de muito diferente dos dias de hoje...). Isso soava como música para a audiência americana clássica, até que, com a chegada dos anos 60, a contestação, o pacifismo, isso começou a soar retrógrado. Rapidamente, alguns filmes se adaptaram, mas em geral, o gênero morreu (pelo menos até a chegada de Os Imperdoáveis, que soa até como uma "retratação" do western).

Já os italianos optaram por uma linha diferente, do western "realista": orçamento baixo, muitas mortes (com muito sangue - outra razão para o "spaghetti"), heróis e vilões se confundindo, personagens com mais profundidade, e Clint Eastwood. Um dos maiores astros americanos na verdade não fazia grande sucesso nos EUA até que começou a estrelar filmes italianos. O resto, como dizem, é história.

Falando em história, que diversão é assistir a esse filme! Além de uma história interessante, as atuações são ótimas, a trilha sonora é fantástica (Ennio Morricone), e toda a fotografia do filme, no deserto, retratando "o mundo real" também é muito bem feita. Mas o que fica na cabeça mesmo é o tema do filme:

Garanto que tem muita gente que nunca viu esse filme, por desconhecimento, ou por um pouco de preconceito com o "faroeste". Para esses, vai meu conselho: assista. Apesar de ter nascido como "sátira", ou "faroeste menor", esses filmes italianos (aqui incluo, por exemplo, Era Uma Vez no Oeste, também de Sergio Leone) em geral são ótimos. Fica a dica.

Nota: 9,1 (14o na minha lista de filmes favoritos)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Amnésia (Memento, 2000)

Quando falo sobre roteiros geniais e sobre como uma solução inovadora de roteiro pode tornar um filme inesquecível, geralmente é nesse filme que estou pensando. Nada menos que sensacional a maneira como esta história é contada, no filme que projetou Christopher Nolan (que dirigiu Batman Begins, O Cavaleiro das Trevas, O Grande Truque e A Origem, entre outros, e aqui, além de diretor, é roteirista, junto com seu irmão Jonathan Nolan), um dos meus diretores modernos favoritos.

A história acho que já é conhecida: um corretor de seguros sofre um assalto, onde sua mulher é morta e ele leva um tiro na cabeça. Por causa disso, perde a capacidade de formar novas memórias, esquecendo de qualquer informação nova em poucos segundos. Ainda assim, com o auxílio de fotos, tatuagens e amigos (ou não), estabelece como objetivo de sua vida encontrar o assassino.

Até aí, uma história inteligente, porém de certo modo comum. O que torna esse filme único é a maneira como esta história é contada. Para colocar o espectador na posição do protagonista, tudo o que vemos são cenas curtas, de poucos segundos, onde por exemplo, ele está correndo mas se esqueceu se está perseguindo alguém ou sendo perseguido. E estas cenas vão se sucedendo em ordem inversa, ou seja, na cena seguinte voltamos um pouco no tempo para ver o que aconteceu antes. E assim, aos poucos vamos entendendo o que de fato está acontecendo, e impressões que tínhamos vão se confirmando ou destruindo. Explicado assim, parece confuso. Não é, é espetacular.



Além disso, alternam-se também cenas de flashback, onde a vida de Leonard pré-assalto são mostradas, nos permitindo perceber que mesmo as lembranças antigas, supostamente infalíveis, talvez não sejam exatamente o que parecem.

Não sei se tenho muito mais o que falar. Quando vi esse filme no cinema, a impressão que dava quando saí era que a vida real de fato estava se passando de trás para frente :-) Fiquei dias digerindo o que tinha visto, e já assisti o filme algumas vezes depois (inclusive utilizando uma feature do DVD, que permite que ele seja visto na ordem cronológica - o que obviamente estraga o filme), e toda vez ele se supera, eu percebo um detalhe a mais que não tinha visto, ou alguma interpretação diferente salta aos olhos. Trabalho de gênio, desde a primeira cena, que se passa literalmente de trás pra frente, com cápsulas voltando ao revólver, sangue subindo, funcionando como um aperitivo do resto do filme.



Claro que o filme não é só o roteiro. Os atores estão ótimos: Guy Pearce (então já consagrado por Priscilla, a Rainha do Deserto e Los Angeles - Cidade Proibida) empresta a credibilidade necessária ao protagonista, e a dupla de Matrix (Carrie-Anne Moss e Joe Pantoliano) mostra uma ambiguidade em seus papéis que apenas ajuda a construir a história em suas nuances e indefinições. A fotografia, alternando cores com preto-e-branco (nos flashbacks), e flertando com o noir, também é um destaque. Obviamente, como toda história mirabolante, tem seus furos (como ele sempre sabe que tem a doença?), mas nada que tire o brilho do filme, uma obra-prima, um clássico moderno. Quem nunca viu esse filme tem que vê-lo agora. Sério. É um dos filmes que eu mais gosto de discutir, estejam à vontade nos comentários. Só não deixe de vê-lo.

Nota: 9,5 (6o. colocado na minha lista de filmes favoritos)

quinta-feira, 5 de abril de 2012

A Vida de Brian (Life of Brian, 1979)

Depois de mais uma semana sem postagens, vou falar hoje sobre um filme de certa maneira apropriado para esse feriado: A Vida de Brian. Mas na verdade não é uma provocação barata de falar desse filme logo às vésperas da Páscoa. Fiquei com vontade de revê-lo anteontem, quando peguei na TV um documentário sobre a história do Monty Python. Um dos pontos que eles comentaram foi o quanto esse filme não foi pensado como uma crítica à igreja ou à religião, mas simplesmente uma comédia que se passa no primeiro século. A história: Brian é um judeu que por acaso nasce na manjedoura ao lado da de Jesus, e acaba tendo bem mais azar na vida.

Fazia muitos anos que não via o filme, e fiquei curioso. Acabei assistindo novamente, e cheguei basicamente a duas conclusões:

- De fato, o filme, apesar do viés de sátira, e de se apoiar na história de Jesus o tempo todo, não é uma crítica à figura histórica, e sim à reação das pessoas a uma situação opressiva, e à necessidade de um ídolo. Claro que isso é feito da maneira mais anárquica possível, com algumas piadas bastante inspiradas, embora quase infantis se vista hoje. A cena do apedrejamento, por exemplo, com as mulheres se passando por homens que acabam apedrejando o juiz, é quase coisa dos Trapalhões. As cenas com os reis Magos e ele pixando os muros do castelo também são ótimas.
A partir do momento em que Brian é confundido com um messias, a faceta idólatra das pessoas se mostra muito forte, com cenas hilárias (a divisão entre os adoradores da sandália e do jarro, ele tentando convencer que não é o escolhido, e ouvindo "é sim, eu tenho experiência em seguir os messias", e outras). Essa provavelmente é a parte que mais incomoda os religiosos.

O que as pessoas não percebem é que quanto mais polêmica e rejeição pública a um filme, mais ele chama a atenção. E aí vem a segunda coisa que eu percebi assistindo ao filme de novo: eu não gosto tanto assim de Monty Python. Acho um pouco sobrevalorizados, e um pouco disso é por conta das polêmicas que gera. Já tinha pensado nisso quando vi Em Busca do Cálice Sagrado uns anos atrás (embora o filme também tenha seus momentos), e mesmo reconhecendo a genialidade de algumas piadas e a disposição a ridicularizar o que quer que seja, não acho TÃO engraçado assim. Deve ser a idade.

Agora, A Vida de Brian  é o meu favorito deles, pelo tema, pelo esmero em de fato contar uma história com início, meio e fim (o que é aquele final de Em Busca do Cálice Sagrado???), e pela coragem em tocar em um assunto tão polêmico. Mas acima de tudo, porque o final é sensacional. É bobinho, tem um monte de besteira, mas sempre me anima. Adoro a música e sua mensagem. Digam: não é uma baita mensagem de Páscoa?

Um ótimo feriado a todos!

Nota: 6,5