domingo, 17 de junho de 2012

Curtindo a Vida Adoidado (Ferris Bueller´s Day Off, 1986)



Sozinho, esse filme já seria suficiente para justificar porque é tão mais legal ter sido adolescente nos anos 80 do que hoje. Pode esquecer a regra dos 15 anos! Já assisti esse filme algumas vezes recentemente e ele continua tão legal quanto antes. Ao mesmo tempo "subversivo" e de certo modo inocente, ao mostrar Ferris Bueller, no final do ensino médio, faltando à aula para aproveitar a vida enquanto pode, às vésperas de iniciar a faculdade (que ele nem sabe qual quer ainda), sabendo que em breve vai deixar de poder fazer isso. Chega a ser poético, na verdade.

Se você é uma pessoa mal-humorada, ou de mal com a vida (espero que não), pode estar perguntando: "Tá, mas grande coisa, uma comédia dos anos 80 como tantas outras, o que esse filme tem demais afinal?". Respondo a seguir, caro leitor insuportável:

- A comédia: a situações são ótimas, o trabalho que o Ferris tem para conseguir faltar à aula chega a ser comovente. O que faz para não ser visto por seu pai ou pelo diretor também. E muito mais: o "empréstimo" da Ferrari, os programas que eles inventam de fazer no dia de folga ("Está querendo me dizer que você é o Rei da Linguiça de Chicago?")...


- Os personagens: Ferris provavelmente não faz uma única coisa certa no filme todo, mas quem não torce por ele? Além dele, os pais "trouxas", o diretor obcecado, a irmã invejosa, o amigo medroso, e até Charlie Sheen como um drogado, todos personagens memoráveis, muito bem construídos pelos atores, e pelo roteirista e diretor John Hughes, o cara que sabia falar com os adolescentes da época como ninguém (Gatinhas e Gatões, Clube dos Cinco e outros)

- As músicas: além de ressucitar "Twist and Shout" para toda uma geração que não era contemporânea dos Beatles, em uma das melhores (senão a melhor) cena musical do cinema, outras músicas como "Oh Yeah" (da cena final, no ônibus escolar, clássica), "Danke Schoen" (que pouca gente nota que ele canta no chuveiro no início do filme, bem antes de cantar na parada), e mesmo a música da cena dele fugindo pra casa são ótimas. Ironicamente, nunca foi lançada a trilha sonora do filme, em disco, CD ou qualquer outro formato.


- A filosofia: Muita gente fala do "Carpe Diem" de Sociedade dos Poetas Mortos, mas um filme não precisa ser chato e metido a profundo pra te dar o que pensar. Já no início do filme, Ferris vira para a câmera e solta o já clássico "A vida passa rápido demais. Se você não parar de vez em quando para olhar em volta, pode deixá-la passar". A partir daí, você vê que, apesar de ele estar enganando todo mundo, o "day off" de Ferris tem como objetivo ser de fato um momento de curtir a vida, se aproximar dos amigos a quem logo vai deixar de ver todo dia, e também tentando ensinar algumas lições ao amigo, que ele acredita piamente que precisa se libertar mais. Propósitos nobres, ou não? Vi o Marcelo Janot, crítico de cinema do Telecine, falando: "Ele falta à aula e vai a uma galeria de arte. Muitos adolescentes não fazem isso nem por obrigação". É isso.


- O saudosismo: Claro, esse não poderia faltar. Para quem cresceu com poucas opções além da Sessão da Tarde, e portanto viu esse filme muitas vezes (e, porque não, imaginou fazer o mesmo), o filme traz lembranças muito legais. É outro dos poucos filmes que prefiro dublados.

Precisa mais? Para o pessoal que nasceu nos anos 80 e 90, e que sei que lêem esse blog, o filme vai passar hoje (17/6/12), no Telecine Cult, às 22:00, ou então, melhor ainda, dublado no youtube:


Já se você é dos anos 80, ou por outra razão já assistiu, e não gostou, por favor não volte a falar comigo :-)

Nota: 8,9 (19o. colocado na minha lista de filmes favoritos)

PS: O filme mostra que, mesmo que demore muito, uma hora você vai ser castigado por matar aula. Por que outra razão Matthew Broderick (o Ferris) acabaria se casando com aquela insuportável (e baranga) atriz principal de Sex and the City? O castigo vem a cavalo...

PPS: No início do ano, uma propaganda do CR-V da Honda resgatou o filme como se fosse uma continuação, mas com o próprio Broderick fingindo estar doente para faltar a um dia de filmagem. Apesar de um pouquinho anti-climático (muitos tiveram um fiozinho de esperança de que fosse de fato haver uma continuação), o comercial, que passou no intervalo do Super Bowl, é sensacional (primeiro o teaser, que fez muita gente pensar em uma continuação, depois a propaganda completa):




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