quinta-feira, 26 de julho de 2012

Letra e Música (Music and Lyrics, 2007)


Alguns filmes são ótimos e importantes por conta do conjunto da obra: história, fotografia, roteiro, atuações, trilha sonora, diálogos, tudo compondo um grande clássico. Cada cena do filme é uma ode à sétima arte, e a soma delas é genial. Daqueles filmes de que se falam por décadas, analisando-se cada take e utilizando-o como referência por gerações.

Já outros são lembrados por uma única cena. Letra e Música é um deles.

Era para ser uma comédia romântica como qualquer outra: um cantor outrora famoso, porém esquecido, sai de sua boa vida para compor uma nova música para uma estrela pop adolescente. Esbarra com sua falta de capacidade para compor, e acaba sendo salvo pela moça que contratou para regar suas plantas (!), e no processo, obviamente os dois se apaixonam. Depois de um desentendimento, percebem que foram feitos um para o outro e terminam felizes para sempre.

A escolha de elenco contribui: Hugh Grant como o inglês-meio-bobão-e-desajeitado-porém-charmoso (papel que desempenha em 99% de seus filmes, embora com boas atuações como em Lua de Fel e Quatro Casamentos e um Funeral), e Drew Barrymore como a garota bonita mas avoada que com seu charme acaba conquistando a todos. Até aí, o único fator (talvez) diferente seja a diferença de idade entre os dois (ele com 47, ela com 31 na época das filmagens). Nada de muito diferente, portanto.

MAS... talvez sejam os 3 minutos iniciais mais engraçados/bizarros da história das comédias românticas. Sério, caso não tenha visto, veja abaixo e em seguida continue lendo.


É uma sátira perfeita de um vídeo clip daquelas bandas de uma música só dos anos 80! Está tudo lá: as roupas cafonas, a música grudenta, os efeitos especiais toscos e super-utilizados, os cenários chamativos, as cenas incompreensíveis, as coreografias sem noção... me lembro de ter rido tanto nesse começo que simplesmente não tinha como não gostar do filme depois, por pior que fosse. E ruim não é, embora seja mais do mesmo. Não importa. Parafraseando Jerry Maguire, "you had me at hello"...

É de se admirar também que Hugh Grant tenha topado filmar o tal "clipe". Por mais que seja parte do personagem, e que tenha sido bem pago por isso, não é todo mundo que aceita um vexame desses.... Aliás, o filme todo tem um quê de crítica ao mundo da música, não apenas com a sátira aos anos 80, mas também à moda de reality shows esdrúxulos (ele é convidado para participar de um combate com outros cantores/bandas esquecidos, como REO Speedwagon, Flock of Seagulls, Debbie Gibson...), aos artistas rasos mas metidos a inteligentes (representados pela cantora, mistura de Britney, Aguilera e Shakira, que pede para que ele componha a nova música), e, claro, àqueles artistas que vivem até hoje de um sucesso de um passado cada vez mais remoto.

Como eu sempre digo, às vezes um filme não precisa ser perfeito nem mudar a sua vida. Basta te deixar com um sorriso no rosto. Esse, definitivamente, é um desses.

Nota: 7,0

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