sábado, 27 de abril de 2013

Um Morto Muito Louco (Weekend at Bernie's, 1989)


Já que o blog vinha meio morto nos últimos tempos, nada como pegá-lo pelo cabelo e pela jaqueta e tentar fazer com que os leitores pelo menos achem que ele está vivo....

Essa é a premissa (original, por que não?) de Um Morto Muito Louco. Típico filme de humor nonsense dos anos 80, figurinha carimbada da Sessão das Dez do SBT, conta a história de dois jovens que descobrem um desvio milionário na empresa em que trabalham, e vão mostrar a descoberta ao presidente da companhia, esperando serem recompensados. Ele os convida para passar o fim de semana em sua casa de praia "para discutirem melhor", mas na verdade quer matá-los, já que ele é o responsável pelo desvio. Ao chegarem na casa de praia, no entanto, eles o encontram morto pela máfia, descobrem seu plano, e resolvem fingir que ele está vivo, já que ouvem uma gravação telefônica em que Bernie (o chefe) diz para o que o matador não os execute enquanto estiverem com ele.


A partir daí, se torna uma comédia "nonsense" bem típica dos anos 80. Um dos rapazes, Larry (Andrew McCarthy, um dos atores que fez milhares de filmes na época, incluindo o cultuado O Primeiro Ano do Resto de Nossas Vidas, e depois sumiu), mulherengo, quer aproveitar toda a "infraestrutura" do morto - casa, barco, praia - para se dar bem com as garotas locais, enquanto o outro, Richard (Jonathan Silverman), o mais certinho, só concorda com a ideia porque descobre que pode ter alguma chance com a garota de seus sonhos.

Como eu dizia, as comédias da época em geral se baseavam em mulheres e humor gaiato. Filmes como Curso de Verão, Porky´s, Loucademia de Polícia, com premissas simples de roteiro, e piadas pouco elaboradas e honestas, fizeram muito sucesso passando na TV brasileira. Era quase obrigatório um filme do tipo na Sessão da Tarde, Supercine ou Sessão das Dez (aquela de domingo à noite no SBT, que depois de passar, o filme repetia), e com isso vários desses filmes ficaram famosos aqui no Brasil (tenho uma teoria que Curtindo a Vida Adoidado passou tanto aqui que os brasileiros conhecem mais o filme que os americanos).

Um Morto Muito Louco segue um pouco esse estilo Trapalhões de humor. Eu achava que tinha até mais putaria, peitos de fora, como era comum na época, mas assisti de novo recentemente e o filme é até bem-comportado nesse sentido. No mais, continua divertido: os roteiristas exploram ao máximo a premissa inicial (bom, nem tanto, já que fizeram um Um Morto Muito Louco 2), chegando a situações absurdas (a cena da lancha é muito boa), mas se mantendo engraçado.


Uma outra coisa que vale destacar é a atuação de Terry Kiser, o Bernie, que apesar de só ter ação e falas durante uns 20 minutos, depois claramente rouba a cena no papel do morto. Além de quase "convencer" no papel, tem horas que dá pra ver que o cara está se divertindo, embora não "entregue" que está vivo em nenhum momento. Nunca o vi em nenhum outro filme, então não deve ser de fato um excelente ator, mas manda bem aqui.

Em resumo: o filme até que passa bem pela "Regra dos 15 anos", que postula que se você viu um filme antes do 15, não deveria ver de novo, e sim guardar a memória que tem dele, sob pena de se decepcionar. Até dei umas risadas, e gostei de rever, embora não ache que teria coragem de ver o 2. Me lembro de tempos mais simples, em que algumas situações idiotas e uma ideia boa eram suficientes para me entreter durante um filme.

Nota:  7,0

PS: Não tem tanto assim a ver com o filme (na verdade, é mais baseado no 2), mas eu não podia deixar de citar, mais uma vez, um funk feito com base no filme, assim como fiz em O Senhor dos Aneis. Com vocês, Um Morto Muito Louco, o funk: