sábado, 13 de dezembro de 2014

Rush: No Limite da Emoção (Rush, 2013)


Apesar de ser fã de esporte, nunca falei aqui no blog sobre nenhum "filme de esporte". Isso porque, em geral, tenho algumas reservas sérias ao subgênero. São filmes em geral difíceis de serem feitos de maneira decente, por algumas razões: é bem difícil filmar cenas esportivas de forma convincente; além disso, como história, acabam sendo "épicos" demais, com contos de superação que, se não forem bem dosados, facilmente parecem forçados ou pouco realistas.

Quis a ironia do destino que o filme que me faria voltar a respeitar o subgênero fosse logo de um esporte que pouco tenho acompanhado (e que eu, pessoalmente, tenho até reservas em chamar de um esporte): a Fórmula 1. Rush conta a história da rivalidade entre os pilotos James Hunt e Niki Lauda, desde que se conheceram na Fórmula 3 até a disputa entre os dois no Campeonato Mundial de 1976. E é fenomenal.


E por que achei tão bom? Primeiro, e principal, porque a história chega a ser inacreditável: a rivalidade, a disputa, o acidente de Lauda, seu retorno contra todos os prognósticos, a corrida final, o desfecho da história. E tudo (com alguns - poucos - exageros) aconteceu de verdade. Eu conhecia a história por alto (não sou velho o suficiente para ter visto ao vivo, mas sim para lembrar do Niki Lauda todo queimado), e não pude deixar de me empolgar em alguns momentos, mesmo já tendo noção de como a história acabaria.

A principal razão disso é o roteiro. Pode-se pensar que adaptar uma história real é mais fácil, já que ela está "pronta", mas muitos roteiristas tendem a se perder em detalhes, ter dificuldade em escolher o que tirar da história, ou inflar exageradamente partes da história para dar efeito dramático. Nada disso acontece aqui: a história é muito dinâmica, bem editada, se atendo bastante à realidade (segundo o próprio Niki Lauda, inclusive) e funciona muito bem em sua tensão e agilidade. Além disso, não tem o tal fator "redenção" que é muito comum em filmes de esporte, aquele cara que sofre horrores, mas luta contra tudo e contra todos para ser o campeão. Aqui não: temos "antagonistas" de carne e osso, com estilos muito diferentes (esses sim, um pouco exagerados às vezes), mas que não são herói ou vilão, e que buscam, cada um à sua maneira, seus objetivos.


Outro ponto de destaque é o esmero técnico da produção. As cenas de corrida são extremamente bem feitas, com carros da época, muitas delas filmadas nos próprios circuitos onde aconteceram (inclusive a cena do acidente de Lauda). A imersão nas corridas é total. Além disso, a caracterização dos atores como os personagens reais é impressionante. Eles não apenas se parecem e agem como as pessoas reais, como também a maquiagem em Daniel Brühl depois do acidente é bastante verossímil.


As atuações também são motivo de elogios ao filme. Muitas vezes, buscando pessoas fisicamente parecidas aos reais, a produção acaba deixando em segundo plano o talento dos atores. Além disso, o próprio ator tenta imitar a pessoa real de tal modo que acaba soando artificial. Também não é o caso aqui. Sou fã de Daniel Brühl, e já falei dele aqui em Adeus Lênin, então não é novidade que é um excelente ator, muito versátil e, portanto, um excelente Niki Lauda, sem exagerar na "cópia" mas mostrando as principais características do piloto. Até Chris Hemsworth, em geral um ator mediano (e que poderia ser o erro que comentei acima, o ator muito parecido mas pouco talentoso), funciona muito bem como o playboy talentoso James Hunt, passando de maneira convincente o senso de irresponsabilidade que o tornava um bom piloto mas não o levava a se aperfeiçoar. E, como coadjuvante, destaco Alexandra Maria Lara, uma bela e excelente atriz romena (de O Leitor e A Queda) que vive a socialite que se casa com Lauda semanas antes do acidente.


Portanto, se você é como eu, perca seu preconceito com Fórmula 1, filmes de esporte e/ou baseados em fatos reais e, se não viu, veja Rush. Se não gostar, pode fazer como James Hunt no final e me dar um soco (PS: Essa cena sim é inventada e não aconteceu na vida real) :-)

Nota: 8,5 (38o. na minha lista de filmes favoritos)

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

[Top 10] Cenas musicais

Depois de tanto tempo escrevendo no blog, pensei em fazer um novo tipo de post. Nada extremamente original, o que mais tem por aí é blog com listas. Mas, de todo jeito, achei legal selecionar os meus melhores no cinema em alguns critérios. Para começar, as 10 cenas musicais que mais gosto. Não coloquei aqui cenas de musicais, preferindo aqueles filmes onde a música em um dado momento se torna um personagem. As cenas não estão em ordem de preferência e representam o meu gosto pessoal, podendo ser cornetadas à vontade nos comentários:

Ferris Bueller na Parada - Curtindo a Vida Adoidado

Já começo com a minha favorita, que marcou uma geração de espectadores da Sessão da Tarde juntando Beatles (e Danke Schön) com o maior matador de aula do cinema. É surpreendente, é emocionante, engraçada. Paro pra ver toda vez:



O concurso de Twist - Pulp Fiction

Essa também já nasceu clássica. Aparentemente aleatória na história do filme, mas juntando o fetiche de Tarantino por Uma Thurman e o passado "dançarino" de John Travolta (que foi praticamente ressucitado pelo diretor nesse filme), com uma coreografia propositalmente amadora e tosca, que virou um cult instantâneo:



Fila do Banco - Ou Tudo Ou Nada

Nesse excelente filme, um grupo de desempregados ingleses promete um strip-tease "até o fim" como forma de conseguir dinheiro, em um país recessivo e com poucas esperanças. Um tema sério, mas levado com bastante humor. E a cena musical que mais gosto reflete bem essa dualidade: na fila para receber o seguro-desemprego, aos poucos os homens, quase sem perceber, estão dançando de forma coreografada, de acordo com o que vêm ensaiando. Simples, mas marcante:



Clipe inicial - Letra e Música

Um filme bastante esquecível, com Hugh Grant e Drew Barrymore fazendo mais do mesmo em relação a papéis, mas com uma abertura que os anos 80 não teriam feito melhor:



Uncle Fucker - South Park: Bigger, Better and Uncut

Essa entra pelo inusitado. É tão surreal que eu não conseguia parar de rir no cinema. A música (composta basicamente de palavrões e ofensas) conseguiu a proeza de ser indicada ao Oscar e ser cantada durante a cerimônia:



Apresentação de Marty McFly no Baile do Encanto Submarino - De Volta para o Futuro

Outra clássica. Marty, sob risco de sumir da existência caso seus pais não se apaixonem, tem que cobrir a ausência de um guitarrista no baile. Durante a romântica "Earth Angel", seus pais finalmente se apaixonam, e depois vem "Johnny B. Goode" para espanto da platéia dos anos 50 que o assiste. Fantástica:



Coreografia no deserto - Priscilla, a Rainha do Deserto

Além de divertidíssimo, esse filme foi um dos primeiros a retratar a causa gay com tal naturalidade, e de maneira séria porém tornada leve. Essa cena é um retrato de todo o filme, mostrando o "choque" entre o exagero das dançarinas em contraste com os "caipiras" da Austrália.



Bohemian Rhapsody - Quanto Mais Idiota Melhor

Digo apenas que após essa cena, é impossível ouvir Queen no carro e não bater cabeça:



Tocando Piano no Chão - Quero Ser Grande

Se você viu essa cena na Sessão da Tarde e nunca quis tocar piano desse jeito, você não foi uma criança feliz:



Tango - Perfume de Mulher

Termino com essa cena clássica, de um filme não tão clássico assim. Não dava para esquecer Al Pacino, roubando o filme (que nem é tão bom assim), como o coronel cego que dança tango:



Bonus Track - Tango - True Lies

Vou trapacear aqui um pouco pra colocar outra cena, já que ela usa a mesma música da anterior. No subestimado True Lies, Schwarzenegger é o espião que finge tão bem para sua mulher que tem uma vida sem graça que ela acaba acreditando. No final, vira espiã também, e vem mais tango por aí (infelizmente, nesse caso, dublado em russo):



Menções honrosas: 500 Dias com Ela, O Casamento do Meu Melhor Amigo, Pequena Miss Sunshine, 10 Coisas que Odeio em Você

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