segunda-feira, 28 de setembro de 2015

[Top 10+] Temas de filmes do 007


Já falei anteriormente sobre Skyfall aqui no blog. Embora eu me sinta a única pessoa do mundo que não gostou do filme, em uma coisa ele acertou em cheio: o tema cantado por Adele é uma das melhores músicas de toda a história do agente. É bela, imponente, e tem todo o estilo de tema de filme do 007, depois de bastante tempo sem que isso acontecesse.

Essa semana, foi divulgada a música-tema do novo filme de 007, Spectre. E, bom, não sei bem como dizer isso, mas tentarei ser minimamente diplomático: é bem ruim. Claro que seria difícil para qualquer um suceder "Skyfall", mas o tal de Sam Smith (de quem, confesso, nunca tinha ouvido falar antes de sexta-feira) canta um tema fraco, afetado e bastante esquecível. Tudo o que um filme de James Bond não merece.

No dia da divulgação, papo vai, papo vem, e a dúvida inevitável surgiu: afinal, qual o melhor tema de James Bond? Claro que cada um vai ter sua opinião, mas eu resolvi ir um pouco adiante e ranquear todos os temas dos filmes, a partir dessa excelente playlist: https://open.spotify.com/user/bill1025/playlist/55dW5o6roy81AtpyJjRNIc

O tema clássico do 007, apesar de ser a trilha oficial de O Satânico Dr. No, está fora desse ranking. O considerei como hors-concours, já que achei que não seria justo colocá-lo entre os temas individuais. É algo muito acima disso:


Além disso, o ranking só considera os filmes "cânone", desconsiderando portanto o Cassino Royale antigo, e Nunca Mais Outra Vez, onde Bond é novamente interpretado por Sean Connery, depois que entregou o papel a Roger Moore, mas não é considerado válido na linha do tempo do agente. Além disso, fugi do modelo "Top 10" porque queria falar de todos os filmes. Isso posto, segue o ranking:


23 - Moonraker - Shirley Bassey (007 contra o Foguete da Morte, 1979)

Shirley Bassey está bem colocada com outras canções nesse ranking, mas na minha cabeça músicas arrastadas demais não combinam muito com James Bond, e esse é o caso. Também ajuda o fato de eu não gostar mesmo da música. Uma pena, já que é um dos filmes mais divertidos (Jaws no bondinho do Pão de Açúcar, supera essa Daniel Craig!)



22 - We Have All the Time in the World - Louis Armstrong (007 a Serviço Secreto de Sua Majestade, 1969)

"Puxa, mas é uma música de Louis Armstrong, como assim?" Mas é justamente por isso: Armstrong é característico demais, e "rouba" a cena na trilha sonora. Não é mais uma música de James Bond, e sim de Armstrong, o que por si não é um problema, mas deixa o filme meio "órfão".



21 - Another Way to Die - Jack White/Alicia Keys (Quantum of Solace, 2008)

Os anos 2000 foram de experimentação nos filmes de Bond. Tanto as histórias quanto os temas foram "reinventados" para uma nova época. Alguns deram certo, esse não. Nem o tema, nem o filme. Experimental demais, pra mim.




20 - All Time High - Rita Coolidge (007 contra Octopussy, 1983)

Como disse, não sou muito fã dos temas muito lentos. Esse é um deles: não é tão ruim, mas esquecível.



19 - You Only Live Twice - Nancy Sinatra (Com 007 Só Se Vive Duas Vezes, 1967)

Outro dos temas "românticos e épicos" que não me agradam tanto.



18 - From Russia With Love - Matt Munro (Moscou contra 007, 1963)

Esse é um dos temas clássicos, isso tem que ser respeitado. Mas também entra na categoria "lentos demais", e a interpretação de Munro, embora bem em acordo com a época, datou um pouco e ficou canastrona.



17 - Tomorrow Never Dies - Sheryl Crow (O Amanhã Nunca Morre, 1997)

Outra das tentativas mais recentes, trazendo uma cantora popular na época para uma série que se reinventava. Gosto do filme, gosto da Sheryl Crow, mas acho que a vibe "épica" não combinou muito com ela.



16 - Writing´s On the Wall - Sam Smith (007 contra Spectre, 2015)

Essa é a mais complicada de julgar, por ter sido recém-lançada, por não termos visto o filme, e até porque seu arranjo ainda pode mudar. Acho que a música começa bem, embora não fantasticamente, porém o refrão é muito fraco, e o falsete dá uma estragada, já que não tem nada a ver nem com o resto da música nem com o personagem. Depois do Rock in Rio, percebi que é meio uma marca registrada do rapaz. Uma pena, mas acho que ele não tem "estofo" para segurar um tema desses.

(não encontrei vídeo, segue link da música no Spotify: https://open.spotify.com/track/4oWmroatZtMmlgc3havMrv)


15 - For Your Eyes Only - Sheena Easton (007 Somente para Seus Olhos, 1981)

Chegando no grupo de músicas que não particularmente gosto ou desgosto, mais um no estilo mais "lento e romântico".





14 - The Man With the Golden Gun - Lulu (007 contra o Homem com a Pistola de Ouro, 1974)

Já entrando nos temas para mim mais "característicos", com muitos metais e um ritmo mais rápido, é um tema até divertido.



13 - Diamonds are Forever - Shirley Bassey (007 - Os Diamantes São Eternos, 1971)

Pela segunda vez na lista, dessa vez Shirley Bassey traz um dos temas mais reconhecidos e com mais "cara de James Bond". Eu sei, eu disse várias vezes que não gosto das lentas, mas essa é exceção.


12 - The World is Not Enough - Garbage (007 - O Mundo Não é o Bastante, 1999)

Ao contrário dos demais temas dessa época, tentou ser mais clássico e não ficou mal. A vocalista do Garbage consegue um bom trabalho em acertar o tom dos filmes.



11 - You Know My Name - Chris Cornell (Cassino Royale, 2006)

O filme é um recomeço na história, mostrando James Bond iniciando sua carreira de agente. O tema acompanha isso, e consegue um retorno legal às raízes. E eu gosto da música em si. A piadinha com o nome da música e a época do filme, em que James Bond não era conhecido também é interessante.



10 - Thunderball - Tom Jones (007 contra a Chantagem Atômica, 1965)

Um dos temas mais clássicos. Um pouquinho Tom Jones demais, mas é excelente.



9 - Licence to Kill - Gladys Knight (007 - Permissão para Matar, 1989)

Apesar de mais lenta, essa é muito clássica. Tem um estilo característico do final dos anos 80 e marcou bastante.



8 - Die Another Day (007 - Um Novo Dia para Morrer, 2002)

Um dos temas mais polêmicos, sem dúvida. Madonna foi chamada no início do século XXI para dar uma cara nova para a trilha sonora do último filme de Pierce Brosnan. Experimental, eu gosto, mas sei que divide opiniões. Ao contrário da atuação dela no filme em si, que ninguém gostou.



7 - Goldeneye - Tina Turner (007 contra Goldeneye, 1995)

Tina Turner é um nome perfeito para um tema de 007. Nessa "ressurreição" do agente na década de 90, foi uma escolha acertadíssima.



6 - Goldfinger - Shirley Bassey (007 contra Goldfinger, 1964)

Talvez o mais clássico e conhecido tema dos filmes de 007, é o primeiro de Shirley Bassey, logo no terceiro filme da série (e, também, um dos melhores de todos os tempos). Tem todos os componentes de um tema clássico: o ritmo, a opulência, a dramaticidade que os caracterizaram em tantos filmes.



5 - Living Daylights - A-HA (007 Marcado para a Morte, 1987)

A partir daqui minha predileção pelos anos 80 começa a falar mais alto. Como em toda essa lista, o gosto pessoal influencia muito, mas é o tipo de música que gosto mais, então naturalmente vai tender a aparecer melhor no ranking. Especialmente por ter visto o show do A-HA no Rock in Rio ontem...



4 - A View to a Kill - Duran Duran (007 Na Mira dos Assassinos, 1985)

Segue o momento anos 80. Adoro essa música, dá um senso de urgência e perseguição. E é do Duran Duran, isso ajuda. Curiosidade: é a primeira música-tema de 007 a atingir o topo da Billboard, o que mostra a mudança para um viés mais pop já sendo feita nos anos 80, quando o personagem começa a perder fôlego.


3 - Live and Let Die - Paul McCartney / Wings (Com 007 Viva e Deixe Morrer, 1973)

Outra daquelas lembradas (e regravadas) até hoje. Talvez o primeiro grande sucesso de Paul McCartney em sua carreira solo. Inesquecível.


2 - Skyfall - Adele (007 - Operação Skyfall, 2012)

Talvez uma surpresa estar tão alto nessa lista, a música de Adele é a tradução perfeita dos temas de 007 para os tempos atuais: épica, majestosa, e extremamente bem executada. Para mim, a única coisa que se salva do filme.



1 - Nobody Does It Better - Carly Simon (007 - O Espião que me Amava, 1977)

Outra surpresa? Não sei se sei explicar bem porque gosto tanto dessa música, mas para mim é dela que lembro quando se fala de temas de Bond. Tem uma "malemolência", uma sensualidade e ao mesmo tempo aquele toque épico a que me referi algumas vezes anteriormente. Inclusive, acho Carly Simon muito subestimada, fala-se muito pouco sobre ela nos dias de hoje. Fica aqui meu reconhecimento, portanto.


terça-feira, 22 de setembro de 2015

Lucy (2014)


A ficção científica. Aquele gênero onde tudo é possível: naves intergalácticas, viagens no tempo, pessoas voando, mundos desconhecidos. Na ficção é onde os autores se livram das amarras da nossa realidade e nos transportam a universos onde nossas regras não necessariamente valem, onde qualquer ideia pode ser verdade e, como não há regras, tudo pode acontecer.

Bem, sim e não.

Por mais que você crie um universo novo, com novas leis, novos seres, novas possibilidades, esse universo ainda deve ser regido por essas mesmas leis. Se seu personagem viaja mais rápido que a luz, ótimo, mas as leis desse universo, e principalmente, sua coerência interna ainda devem estar lá. As pessoas, coisas e ambiente ainda devem se comportar de forma coerente, que faça o espectador acreditar que aquilo poderia acontecer naquelas condições. Claro que existe o conceito de "suspensão da descrença" (que o Nerd Pai explica de maneira muito simples aqui), e esse conceito é muito importante para que o espectador se divirta sem ficar reparando em cada detalhe, mas mesmo ele tem limites. Não dá pra fazer qualquer coisa e dar a desculpa de "ah, é ficção".


Você já deve estar imaginando porque eu estou falando isso. Lucy é exatamente tudo isso que critiquei. Nem me refiro especialmente à premissa "o ser humano usa 10% da capacidade cerebral. Imagina se usasse 100%", que hoje sabemos falsa, mas que de fato é só uma desculpa para dar superpoderes à protagonista (e já vimos desculpas muito piores que essa). O problema é o que o Luc Besson faz DEPOIS disso. A história é confusa, Lucy cria (e esquece) poderes e conhecimento de acordo com a necessidade momentânea da história, personagens aparecem sem que se entenda o porquê (inclusive um deles, em um surto de honestidade, pergunta a Lucy exatamente isso, "O que estou fazendo aqui? Pra que você precisa de mim?"). Claro que a resposta dela também não faz o menor sentido. Mesmo a motivação da história, que é ela adquirindo super-poderes ao ingerir acidentalmente uma nova droga enquanto a contrabandeia, não faz sentido: ninguém nunca tinha experimentado a tal droga antes?

E assim a história vai, com acontecimentos esquisitos se sucedendo, claramente direcionados mais pelo visual que pelo roteiro, o que transforma o filme em uma pirotecnia confusa. Scarlett Johansson exagera um pouco no ar blasé da personagem, ou talvez esteja apenas apática frente a tanta bizarrice. Muitas maluquices depois, ela derrota seus inimigos (que são motivados sabe-se lá pelo quê) e, na cereja do péssimo bolo, vira (sim, isso mesmo:) um pen-drive.

Adoro ficção científica. Quanto mais, melhor, em geral. Mas filmes como esse prestam um baita desserviço ao gênero. Só quis falar dele por conta dessa visão "pode tudo" que algumas pessoas ainda têm. Fuja, e vá assistir filmes bons como Interestelar e Expresso do Amanhã (dois filmes de que ainda falarei aqui).

Estes sim demandam mais do que 10% do seu cérebro.

Nota: 2,0 (está entre os filmes que menos gostei)