quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Divertida Mente (Inside Out, 2015)


Há tempos que a animação deixou de ser apenas para crianças. Inclusive falei aqui sobre isso. A Pixas, principalmente, vem conseguindo fazer filmes que, embora não deixem de ser interessantes e ter suas mensagens para crianças, falam também com adultos. Wall-E e Up são bons exemplos, onde o componente infantil está lá: os personagens divertidos, a história interessante, as lições de moral. Mas também há algo para adultos: a acomodação da vida moderna e o saudosismo de alguém que se perde, por exemplo. Divertida Mente repete o mesmo fenômeno: é uma história que agrada as crianças e tem mensagens para adultos.

Mas não é só isso.



O filme se passa basicamente na mente de uma garota de 11 anos, Riley, que se muda com os pais de Minnesota para a Califórnia e luta para se adaptar nos primeiros dias de sua nova vida. Os personagens principais são as emoções: Alegria, Tristeza, Medo, Nojo e Raiva. Sem saber direito como lidar com a nova situação causada pela mudança, as emoções entram em uma "aventura" buscando salvar as memórias e vínculos que Riley tem em sua mente. A história é ótima e bastante acessível para as crianças.

Para os adultos, o que chama a atenção é a construção simples desse "universo" da mente humana, desde as lembranças, que são associadas a uma das emoções, os sonhos, o subconsciente... é a parte "genial" do filme para mim. Há ótimas piadas (como a dos funcionários responsáveis pela armazenagem e destruição de memórias, que gostam de uma música de propaganda e vivem fazendo Riley lembrar dela, quem nunca?), e todo o processo de lembrança, esquecimento, amadurecimento, aumento de complexidade da personalidade conforme se fica mais velho está lá. É quase uma aula de psicologia (tomara que os leitores e leitoras psicólogos não me xinguem muito...).

Mas um grande destaque para mim é o uso da animação para criar um novo mundo, que pra mim não poderia ser feito com atores, no modelo "live-action".


A cena acima, por exemplo. Nela, Alegria e Tristeza (dispensam descrições) precisam levar as memórias-base (as mais importantes, aquelas que formam personalidade e caráter) de volta ao centro de "controle". Atrás delas, as prateleiras armazenam as memórias, cada uma com sua cor, de acordo com a emoção associada (alegria, medo, raiva - o interessante é que, enquanto criança, as emoções de Riley são "monocromáticas", achei brilhante). Ao longe, as "ilhas" que representam os principais traços de personalidade associados às memórias-base (na cena, as ilhas da Família, da Honestidade e do Hockey).

Eu poderia falar novamente sobre como foi bem feita essa "construção" da mente, mas para ver isso vale muito mais a pena assistir o filme. Posso citar também as atuações e a dublagem, muito competentes. Agora, o mais interessante é que o uso da animação para criar esse mundo foi fundamental. Divertida Mente não é uma animação por acaso. Além de ajudar a contar melhor a história, também contribui para que se quebre o preconceito de "coisa pra criança".

Se você não viu o filme por isso, esqueça e vá assistir agora. Você não vai se arrepender. Prometo que não conto para ninguém.

Nota: 8,5 (39o. na minha lista de filmes favoritos)